A correlação Ibovespa e dólar é um tema essencial para quem investe na bolsa brasileira. Ela mostra como o movimento da moeda americana influencia — ou é influenciado — pelo principal índice de ações do Brasil.
Compreender essa relação ajuda o investidor a identificar oportunidades, reduzir riscos e interpretar o humor do mercado.
De modo geral, quando o dólar sobe, o Ibovespa tende a cair, mas essa relação não é absoluta. A correlação pode variar conforme o contexto econômico, política monetária e fluxo de capital estrangeiro.
1. O Que Significa a Correlação Ibovespa e Dólar
A correlação mede o grau de relação entre dois ativos:
- Correlação negativa: quando o dólar sobe e o Ibovespa cai.
- Correlação positiva: quando ambos sobem ou caem juntos.
Nos últimos anos, a correlação Ibovespa e dólar tem sido predominantemente negativa, refletindo a influência dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro.
Quando o dólar se valoriza frente ao real, investidores estrangeiros tendem a retirar recursos da bolsa, pressionando o Ibovespa para baixo. Por outro lado, quando o dólar se desvaloriza, há maior entrada de capital, valorizando o índice.
2. Exemplo Real
Vejamos o gráfico abaixo para entender a Correlação Ibovespa e Dólar.

Fonte: IBOVESPA x Dólar
O gráfico mostra como o dólar (linha azul) e o Ibovespa (linha vermelha) se comportaram entre 2000 e 2024.
Períodos de movimentos opostos — como 2002, 2008, 2016 e 2020 — refletem crises econômicas e instabilidade política.
Interpretação dos principais anos:
- 2002 (crise eleitoral): dólar disparou e Ibovespa caiu fortemente.
- 2008 (crise financeira global): fuga de capital levou o dólar para cima e o Ibovespa para baixo.
- 2016 (instabilidade política e impeachment): o real se desvalorizou, mas a bolsa reagiu à expectativa de melhora na economia.
- 2020 (pandemia da COVID-19): forte valorização do dólar acompanhada de queda nas ações.
Nos anos mais recentes (2021–2024), nota-se uma redução da correlação negativa, principalmente devido à diversificação do Ibovespa e à presença de empresas exportadoras que se beneficiam do dólar alto.
3. Por Que o Dólar Afeta Tanto o Ibovespa
O dólar funciona como um termômetro global de risco. Em períodos de incerteza internacional, investidores buscam segurança em ativos denominados em dólar, retirando recursos de mercados emergentes, como o Brasil.
Além disso:
- Muitas empresas listadas na B3 importam insumos, sofrendo com o dólar alto.
- O custo de energia, combustível e matéria-prima aumenta.
- Um real mais fraco pressiona a inflação, podendo levar o Banco Central a subir juros, impactando o mercado acionário.
Por outro lado, empresas exportadoras (como Petrobras, Vale, Suzano e Klabin) se beneficiam da alta do dólar, pois suas receitas vêm do exterior.
4. Detalhando a Relação Entre Ibovespa, Inflação e Dólar
O dólar, a inflação e o Ibovespa formam um trio intimamente conectado na economia brasileira.
Mudanças em um desses fatores tendem a impactar diretamente os outros dois — e compreender essa dinâmica é essencial para o investidor que busca proteger e rentabilizar seu patrimônio.
Quando o dólar sobe, o custo de produtos importados e matérias-primas aumenta. Isso pressiona a inflação, especialmente em setores como combustíveis, alimentos e energia. Com uma inflação mais alta, o Banco Central tende a elevar os juros para conter o aumento de preços, o que afeta o Ibovespa, já que juros mais altos desestimulam investimentos em ações e tornam a renda fixa mais atrativa.
Por outro lado, quando o real se valoriza e o dólar cai, o efeito inflacionário tende a ser menor. Nesse cenário, os juros podem cair, favorecendo o crescimento econômico e a valorização do Ibovespa.
Empresas exportadoras, no entanto, vivem o efeito inverso: o dólar alto aumenta suas receitas em reais, enquanto o dólar baixo reduz margens de lucro. Por isso, o comportamento do índice é sempre uma soma de forças — empresas beneficiadas e prejudicadas pela variação cambial e pela inflação.
Em resumo:
- Dólar alto → inflação maior → juros mais altos → pressão sobre o Ibovespa.
- Dólar baixo → inflação menor → juros menores → estímulo à bolsa.
Essa interação ajuda a entender por que períodos de instabilidade cambial e alta inflacionária costumam trazer volatilidade para o mercado de ações brasileiro.
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5. Como Usar a Correlação Ibovespa e Dólar a Favor dos Investimentos
A correlação Ibovespa e dólar pode ajudar o investidor a tomar decisões mais estratégicas, mas não basta conhecer a relação: é fundamental escolher o momento certo para entrar nos ativos. Entrar no momento errado pode gerar perdas, mesmo quando a tendência parece favorável.
Como aplicar na prática:
- Dólar alto:
- Empresas exportadoras e fundos cambiais costumam se valorizar.
- Mas atenção: investir imediatamente pode ser arriscado se o dólar já estiver próximo de um pico temporário. Avalie a tendência antes de entrar.
- Dólar baixo:
- Ações domésticas e setores ligados ao consumo interno tendem a se beneficiar.
- Verifique se o dólar realmente atingiu um ponto baixo antes de investir. Entrar cedo demais pode reduzir os ganhos.
- Diversificação:
- Ter ativos que reagem de forma diferente à variação do dólar ajuda a reduzir riscos.
- Mesmo assim, a diversificação não substitui a necessidade de analisar o momento certo de entrada.
Resumo: combinar a análise da correlação com indicadores econômicos, políticos e históricos dos ativos ajuda a identificar oportunidades e reduzir riscos.
6. Correlação Recente (Últimos 10 Anos)
Nos últimos 10 anos, a correlação mensal entre Ibovespa e dólar ficou próxima de -0,6, segundo dados da B3 e do Banco Central — uma correlação moderadamente negativa.
Entre 2021 e 2024, houve momentos em que o dólar e o Ibovespa subiram juntos (correlação positiva), principalmente quando o fluxo de capital estrangeiro acompanhou os altos preços das commodities. Isso demonstra que a relação não é estática.
7. Conclusão
A correlação Ibovespa e dólar é um dos pilares da análise macroeconômica para o investidor brasileiro. Historicamente, períodos de valorização do dólar pressionam o Ibovespa, mas mudanças na economia, na composição da bolsa e no fluxo de capital podem alterar essa relação.
Entender essa correlação permite tomar decisões mais estratégicas, reduzir riscos e identificar oportunidades em diferentes cenários de mercado.
Perguntas Frequentes (FAQ)









